Nos últimos anos, organizações criminosas se infiltraram no setor de combustíveis, controlando postos, distribuidoras e até usinas sucroalcooleiras. Altamente lucrativo, o setor de combustíveis rende para o crime organizado 4 vezes mais que o tráfico de cocaína (R$ 62 milhões por ano contra R$ 15 bilhões), segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Com a falta de fiscalização eficiente, a Refit assumiu muitas vezes o protagonismo de investigar irregularidades e realizar diversas denúncias às autoridades e à mídia. Entre as práticas denunciadas estão:
- Adulteração de combustíveis com metanol
- Concorrência desleal no preço
- Bomba baixa (quando o volume de combustível que o consumidor paga é maior do que o que realmente entra no tanque do carro).
O fechamento da Copape em meados de 2024, formuladora ligada ao PCC, também foi resultado de denúncias que partiram da Refit.
Apesar das revelações, os ‘empresários’ alvos das investigações sempre escapam, uma vez que as operações e as ordens de prisão são vasadas de dentro órgãos oficiais de investigação. O resultado são criminosos foragidos e postos com combustível adulterado operando normalmente.
Paralelamente à invasão do crime organizado, o setor de combustíveis opera sob uma dinâmica de cartelização com as três maiores distribuidoras do país que possuem o benefício de comprar combustível subsidiado da Petrobras, compartilham estruturas de abastecimento, políticas comerciais e estratégias de exclusividade junto a donos de postos para construir reservas de mercado e controlar os preços nas bombas.
Essas grandes distribuidoras já foram alvos de denúncias no CADE por conta de práticas anticompetitivas no setor e condenadas a pagamento de multas. Porém, a eficácia das sanções aplicadas tem custo baixo em comparação aos lucros obtidos com as práticas anticompetitivas. O resultado é que o mercado segue dominado pelo cartel.
Diante desse contexto, preço pago pela Refit por ter assumido o papel de denunciante tem sido caro. A empresa vem sofrendo inúmeras represálias, atendados e tentativas de intimidação, com postos de seus sócios incendiados, escritório vandalizado e mais recentemente com sua fábrica interditada a partir de argumentos infundados sobre a prática de refino.