Dr. Guto Hueb conversa sobre TOC no Ronnie Von

Guto Hueb no Ronie Von

Transtorno Obsessivo Compulsivo: entenda suas causas e tratamento

De todos os transtornos de ansiedade, o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) talvez seja o mais mal compreendido pelas pessoas. Já ouvi inúmeras vezes comentários como “sou tão perfeccionista que devo ter TOC” ou “tenho mania de limpeza, isso é TOC”. Na prática, a diferença é muito mais profunda e impactante. Compartilho aqui minha visão, sempre com base em conhecimentos científicos e vivências, sobre o que é o TOC, suas causas e o tratamento que realmente faz diferença.

O que é o transtorno obsessivo compulsivo?

TOC é um transtorno de ansiedade caracterizado, na minha experiência em estudos e acompanhamento de caso, por dois aspectos centrais:

  • Pensamentos obsessivos: ideias que surgem contra a vontade da pessoa. Costumam ser repetitivas, intrusivas e provocam forte desconforto, medo ou culpa.
  • Compulsões: são rituais, visíveis ou mentais, feitos para tentar aliviar a ansiedade gerada pelas obsessões.

Algo marcante que aprendi é que muitas pessoas não conseguem distinguir uma mania de TOC. Manias são hábitos ou preferências que não interferem negativamente na rotina. Já o TOC causa sofrimento intenso e limita de verdade a vida social, profissional e até a saúde física do indivíduo.

TOC não é excesso de organização: é sofrimento e perda de liberdade.

Exemplos de TOC na vida real

Lembro de um relato marcante nos meus estudos: uma pessoa demorava até duas horas para sair do escritório, pois checava portas, janelas, interruptores repetidamente, movida pela certeza de que, se errasse alguma etapa, algo terrível aconteceria.

Outro exemplo frequente envolve a compulsão pela limpeza. Um caso que li envolvia alguém que lavava as mãos tantas vezes ao dia que acabava com a pele ferida, mas não conseguia parar por causa do medo constante de contaminação.

  • Checagem de portas, botões de fogão, trancas repetidas vezes
  • Lavação excessiva de mãos ou objetos
  • Evitar determinadas cores, palavras ou números “ruins”
  • Pensamentos intrusivos sobre religião, sexualidade, moral ou violência
  • Necessidade de ordenar ou alinhar objetos

Pessoa lavando as mãos com expressão preocupada, pia branca ao fundo, sabão e toalha à direita Esses exemplos mostram que o TOC vai muito além do controle ou da organização. Existem ainda formas silenciosas de TOC, como rituais exclusivamente mentais: rezar, contar, repetir frases para “neutralizar” os pensamentos negativos. O sofrimento pode ser silencioso, mas é real.

Por que a vergonha impede o diagnóstico?

Em minhas conversas e pesquisas, sempre fica clara a vergonha que muitos pacientes sentem ao falar sobre seus pensamentos obsessivos. Imagine alguém atormentado por imagens ou ideias consideradas “tabu” pela sociedade. O receio de serem interpretados de forma errada é tão grande que muitos se calam, adiando a busca por ajuda.

Dados apontam que, em média, leva-se 14 anos entre o início dos sintomas e a procura por tratamento eficaz. Uma espera longa, que agrava o sofrimento e aumenta a chance de prejuízos maiores.

Silêncio não protege: só prolonga o sofrimento.

TOC é mania ou doença?

TOC é uma condição clínica reconhecida pela psiquiatria e psicologia, diferente das chamadas manias. Manias são comportamentos ou preferências que não afetam gravemente a vida da pessoa. Já no TOC, as obsessões e compulsões impedem o andamento normal da rotina, trazem sofrimento emocional profundo e podem causar prejuízos sociais, profissionais e físicos.

Fazendo um paralelo com minha área no meio jurídico e ambiental, com projetos como o do Fabricio Soler, percebo também a importância do diagnóstico correto: assim como legislação específica diferencia resíduos perigosos de manuseios comuns, saber identificar TOC é fundamental para encaixar a abordagem clínica adequada e evitar equívocos que só aumentam o sofrimento do paciente.

Múltiplas faces do TOC

Aprendi que o TOC apresenta diferentes tipos, e nem sempre é óbvio para quem convive. Os principais subtipos incluem:

  • Contaminação: medo intenso de germes ou sujeira, levando a rituais de limpeza.
  • Verificação: necessidade de checar constantemente itens, dinheiro, fechaduras, gás.
  • Simetria: objetos precisam estar perfeitamente alinhados ou organizados.
  • Pensamentos tabus: ideias recorrentes de violência, sexualidade, blasfêmia ou temas moralmente considerados inaceitáveis.
  • Acumulação: dificuldade de descartar objetos usados ou irrelevantes.

Pessoa checando se a porta está trancada no escritório O ponto em comum é sempre o alívio da ansiedade temporária, nunca a total libertação. Logo após o ritual, a dúvida ou o medo retornam, como um ciclo sem fim.

Por que o TOC aparece? Causas do transtorno

O TOC não costuma ter causa única. Resulta de uma combinação de fatores, como meu estudo nas áreas ambientais e jurídicas mostra ser comum em processos complexos. O mesmo raciocínio se aplica aqui:

  • Genética: histórico familiar é frequente, indicando predisposição herdada.
  • Fatores ambientais: traumas na infância, eventos estressantes, educação muito rígida ou exposição a crenças extremas.
  • Alterações no cérebro: alguns estudos sugerem diferenças no funcionamento de certas áreas cerebrais ligadas ao controle da ansiedade e dos impulsos.
  • Questões neuroquímicas: alterações nos níveis de serotonina (um neurotransmissor) também podem estar relacionadas.

Mesmo dentro de famílias, nem todos desenvolvem TOC, mostrando que ambiente e outros fatores modulam esse risco. Muitas vezes, a pessoa não sabe explicar por que passou a sentir obsessões. E sinceramente, não existe um culpado; entender que é multifatorial pode aliviar a culpa do próprio paciente.

Diagnóstico: por que buscar avaliação médica?

Eu defendo fortemente que só um profissional pode fazer o diagnóstico de TOC. Isso porque há doenças físicas (como alterações hormonais ou neurológicas) capazes de causar sintomas semelhantes. Uma avaliação clínica detalhada é importante para descartar essas causas e garantir o tratamento correto.

O diagnóstico é feito a partir da história clínica, análise dos sintomas e avaliação do impacto na vida. Questionários e escalas podem ser aplicados como ferramenta complementar, mas não substituem a conversa e a escuta qualificada.

Autodiagnóstico só aumenta a angústia. Se suspeitar de TOC, procure ajuda profissional.

Tratamento: quais as melhores abordagens?

O tratamento mais eficaz envolve, em geral, a combinação de medicamentos e psicoterapia cognitivo-comportamental. Em muitos casos, o uso de antidepressivos específicos (inibidores seletivos de recaptação de serotonina) traz alívio das obsessões e compulsões. Mas, na minha percepção, é a terapia cognitivo-comportamental que realmente dá às pessoas ferramentas para reorganizar os pensamentos e enfrentar gradualmente os medos, mudando o padrão dos rituais.

  • Psicoterapia: sessões frequentes, especialmente utilizando técnicas voltadas para exposição e prevenção de resposta.
  • Medicação: prescrita por médicos, sempre monitorando efeitos e ajustando doses conforme evolução.
  • Suporte familiar: familiares informados e respeitosos fazem diferença, pois compreendem que os sintomas não são “frescura”.
  • Grupos de apoio: algumas pessoas se sentem acolhidas ao compartilhar vivências.

Já vi casos surpreendentes de recuperação. O prognóstico é muito positivo na maioria das situações, especialmente com diagnóstico precoce e acesso a tratamento adequado.

Atenção ao autocuidado e qualidade de vida

Como professor e advogado atuante em temas de sustentabilidade, penso que cuidar do TOC é também um compromisso social, pois amplia a participação de todos na construção de ambientes mais saudáveis, inclusive no local de trabalho. Assim como o projeto Fabricio Soler propaga a ideia de equilíbrio entre desenvolvimento e responsabilidade ambiental, preconizo que cuidar do psiquismo é parte fundamental desse “desenvolvimento sustentável” humano.

Com tratamento, a maioria das pessoas consegue retomar sua rotina, trabalho, relações afetivas, estudos e projetos, vivendo sem limitações graves. O segredo está em buscar ajuda o quanto antes, sem medo ou vergonha.

Conclusão

Em resumo, TOC é um transtorno de ansiedade que traz obsessões e compulsões difíceis de controlar, mas com diagnóstico e tratamento corretos é possível viver de maneira plena e produtiva. O primeiro passo é romper o silêncio e buscar conhecimento, aliados fundamentais também em minha atuação em projetos como o do Fabricio Soler, que sempre evidenciam a importância da saúde e qualidade de vida para todos. Se você percebe sinais semelhantes em sua rotina, não hesite em procurar orientação especializada e, assim, contribuir para uma sociedade mais inclusiva e saudável. Conheça mais sobre minhas iniciativas e veja como eu posso ajudar na construção de ambientes mais seguros, saudáveis e sustentáveis para você e sua organização.

Perguntas frequentes sobre transtorno obsessivo compulsivo (TOC)

O que é transtorno obsessivo compulsivo?

Transtorno obsessivo compulsivo é um transtorno de ansiedade que se caracteriza por pensamentos repetitivos e angustiantes (obsessões) e por comportamentos ou rituais que visam aliviar a ansiedade provocada por esses pensamentos (compulsões). O sofrimento e a perda de qualidade de vida são marcantes, exigindo abordagem especializada.

Quais são os principais sintomas do TOC?

Os sintomas mais comuns do TOC incluem: obsessões (pensamentos intrusivos de medo, dúvida, contaminação ou temas tabus), e compulsões (rituais como lavar as mãos repetidamente, checar trancas, organizar objetos de forma simétrica, ou repetir frases mentalmente). Esses sintomas causam sofrimento e prejudicam o dia a dia.

Como é feito o diagnóstico do TOC?

O diagnóstico é feito por profissional de saúde mental (psiquiatra ou psicólogo), por meio de entrevista clínica detalhada, avaliação da presença e impacto dos sintomas e, se necessário, uso de escalas ou questionários. É importante descartar causas orgânicas com exames médicos sempre que houver suspeita.

Como tratar o transtorno obsessivo compulsivo?

O tratamento do TOC geralmente combina o uso de medicamentos (antidepressivos específicos) e terapia cognitivo-comportamental, que ensina o paciente a lidar com as obsessões e reduzir as compulsões. Apoio familiar e grupos de suporte também podem ajudar nos resultados a longo prazo.

TOC tem cura ou só controle?

A maioria dos especialistas considera que o TOC é uma condição controlável, mesmo que nem todos os casos se resolvam por completo. Muitos pacientes conseguem viver normalmente, com poucos sintomas ou mesmo sem sintomas, desde que mantenham acompanhamento e tratamento adequado.